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fevereiro 25, 2021Importante para o desenvolvimento da economia, o spread bancário é a diferença entre a taxa de juros cobrada pelos bancos nos empréstimos e financiamentos e o retorno pago ao captar recursos no mesmo valor.
Com grande impacto sobre a eficiência e crescimento do país, o spread bancário afeta a vida de toda a população. Em situações de altas taxas, é visto como um problema para a expansão de crédito, o que limita também a economia brasileira.
Mas como o spread bancário afeta você e seus investimentos? Saiba mais no texto a seguir.
- Composição do spread bancário
- Como o spread bancário é calculado?
- O Brasil e o spread bancário
- Qual a relação do spread bacário com a taxa selic?
- Qual o impacto do spread bancário na vida do investidor?
A composição do Spread Bancário
O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios – mantidos no Banco Central – e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
O lucro que os bancos ganham com as operações de empréstimo e investimento gira em torno das taxas acima e quando relacionadas, levam ao resultado do spread. Isso acontece porque as instituições bancárias precisam ter uma margem de lucro, ao quitar todos os custos.
Entenda melhor essa composição abaixo.
Inadimplência:
Quando o cliente não paga como combinado, é tido como inadimplente. O risco de o banco não receber o dinheiro de volta ao conceder um empréstimo é incluso no spread, ou seja, é como se o banco colocasse uma “margem de segurança” em cada empréstimo que faz para compensar eventual perda decorrente de clientes que não pagam a sua dívida.
Lucros:
Independentemente do tipo de banco, seja um comercial ou cooperativa, as instituições que oferecem créditos geram superávit financeiro baseado na margem de lucro entre o valor que pagam de rendimentos aos clientes que investem e o que recebem com os juros sobre os empréstimos aos clientes que tomam crédito.
Impostos diretos:
Os impostos que entram nesta conta são o Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Operação Financeira (IOF), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O IR e o CSLL incidem sobre os lucros da instituição, enquanto o PIS e COFINS são cobrados sobre a receita total. O tributo que já é pago diretamente pelo cliente é o IOF, mas os bancos alegam que ele ajuda a reduzir o rendimento do aplicador e encarecem o custo para o tomador, então o IOF acaba fazendo parte da conta do spread.
Compulsórios + encargos: o Banco Central (BC) recebe o depósito compulsório vindo de instituições bancárias por meio de uma determinação legal. Esse depósito é referente a parte das captações em poupança, depósitos à vista e depósitos à prazo.
Ele tem o objetivo de controlar o volume de dinheiro em circulação na economia, e acaba afetando diretamente nas taxas de juros praticadas, pois para as instituições financeiras, esse depósito é um dinheiro “desperdiçado”, que poderia ser usado para gerar lucros para a empresa.
Fundo garantidor:
O FGC, mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, permite recuperar até um limite determinado em caso de falência ou liquidação da mesma. Para isso, o FGC recolhe 0,0125% do valor dos depósitos totais das instituições filiadas.
Custo administrativo:
Os custos administrativos referentes aos gastos com salários e despesas dos funcionários e das agências bancárias são incorporados ao spread para realizar as operações de crédito.
Como o spread bancário é calculado?
O spread bancário é calculado de forma simples, através da diferença entre a taxa de captação média e a taxa de empréstimo média de um mesmo ano.
Spread bancário = [taxa de empréstimo] – [taxa de captação]
Para ficar mais claro, vamos a um exemplo prático: você, investidor deixa o dinheiro rendendo na poupança a uma taxa de 8% ao ano.
O banco, por sua vez, utiliza esse dinheiro e remunera o cliente com base nesses 8% e empresta este dinheiro para financiar um determinado projeto, cobrando do terceiro uma taxa de 30% ao ano.
Neste caso, o valor do spread é de 22% (30% – 8%= 22%). Ou seja, nesta transação entre investidor e cliente “terceiro”, o banco lucrou 22%.
Nesta relação entre você (investidor), banco e o empresário, o banco lucraria um total de 22% ao ano. Um valor consideravelmente alto!
Essa taxa é alta por conta do risco de crédito que o banco corre ao liberar o empréstimo, cobrando juros elevados e calculado a partir das variáveis citadas acima, como inadimplência e custos administrativos. Sem considerar os lucros que o banco precisa tirar da operação.
No gráfico, a média do spread bancário no Brasil em pontos percentuais.
O Brasil e o spread bancário
De janeiro a junho deste ano, os cinco maiores bancos do país registraram queda de 28,58% no spread bancário, de acordo com o estudo realizado pela Capital Empreendedor – plataforma de crédito, sobre o Relatório Semanal de Juros do Banco Central.
Em 2016, a taxa de empréstimo alcançou valor de 60,32%, enquanto a taxa de captação representou 12,27%. Nesse ano em questão, o spread bancário brasileiro chegou a 48,05%.
O Brasil é o país com um dos spreads bancários mais altos do mundo todo, e a razão está desde problemas estruturais e macroeconômicos, se estendendo pelo recorde de inadimplentes no país – fator importante.
A concentração bancária está entre os motivos de taxas de spread tão altas. Quanto maior a concorrência no mercado, maiores as chances dos preços de serviços e produtos caírem. Com a inserção de bancos digitais e fintechs como a Vangardi no mercado, melhor o processo de desoneração do crédito e maior a queda do spread.
Qual a relação do Spread Bancário com a Taxa Selic?
A Selic é a taxa básica de juros e serve como um instrumento de política monetária determinado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central, que controla a inflação e assegura a estabilidade dos preços. A Selic influencia todas as operações de crédito, como a dos empréstimos e dos financiamentos, entre outros.
Por influenciar todas as operações de crédito, a Selic é o componente primário do spread bancário, pois determina o custo de oportunidade envolvido na operação. Para que o país alcance taxa de juros menor e, consequentemente, o spread mais baixo, é preciso, além de reduzir a taxa Selic, executar reformas estruturais importantes.
Entre as opções para a baixa nos juros e taxas, diminuir a alíquota dos recolhimentos compulsórios, implementar políticas mais atuais que auxiliem os consumidores a arcar com o pagamento das dívidas, reduzir as taxas tributárias e propiciar segurança jurídica para as empresas.
Qual o impacto do Spread Bancário na vida do investidor?
O spread bancário é a ferramenta que norteia a vida financeira, tanto dos bancos quanto da população. Por meio dos índices é possível saber o quanto os investidores irão lucrar, bem como quanto os bancos irão receber pela aplicação das taxas.
Quanto maior a taxa de juros, maior é o incentivo das pessoas deixarem seu dinheiro rendendo numa aplicação financeira. E, por outro lado, quanto menor a taxa de juros, maior é o incentivo das pessoas para consumirem mais, produzirem mais, aumentarem suas empresas, contratarem mais pessoas.
Nesta relação, quanto mais alto o spread, menores as chances de as pessoas realizarem investimentos. As pessoas passam a consumir, comprar ou investir menos.
Além de impactar positivamente na vida das pessoas, a redução do spread impacta diretamente em algumas atividades, deixando-as mais ou menos atrativas, reduzindo a dívida da população e, ainda, facilitando a renegociação dessas dívidas.
Um grande exemplo disto, é a taxa do cheque especial que, em 2015 chegou a 287%. Este ano, caiu para 2130% entre janeiro e fevereiro, entretanto, com a incidência da pandemia, os juros e a competitividade entre os serviços se tornou mais acirrada, dificultando as negociações e transações bancárias.